19 de agosto de 2010

Os Canjerês do CHEFE

Quem já foi as festas organizadas pelos puxa-sacos do CHEFE da Quadrilha que domina Parnamirim? Claro, quase todos nó já fomos, as vezes sem até querer, e nos deparamos com aquelas festas de arromba. Buffet’s de primeira só pra galera do mau, o resto, a PLEBE que se exploda.
Olhando os trajes das senhoras damas de Secretários, Vereadores ou convidados ilustres, notamos Calças capri de cor clara da Zara ou outra grife importada, bolsas L. Vuitton, Prada. Camisetinhas básicas brancas da Club Chocolate ou Doc Dog. Óculos Chanel, Valentino, sandalinhas rasteiras da Lenny. Tudo importado (Made in China), e comprado nas lojas do DJ McPinheiro, na “LAVANDERIA” do Shopping Cohabinal. As dondocas chegam sozinhas, ou acompanhadas dos seus digníssimos, dirigindo o seu próprio carrão importado e de procedência duvidosa.
A Funcionária Pública, ou melhor, a mulher do pobre, vai de mini-saia curtíssima, comprada na feira de Parnamirim ou no mercado público, comprada ao ‘prestanista’, no máximo uma blusinha da C&A estampada, tamanco de madeira de salto altíssimo ou tênis de bolinhas a R$ 15,00, óculos coloridos do calçadão da Av. Everaldo Braves é claro!, piercing e anel no dedo do pé. Muitas usam biquíni por baixo, na esperança de tomar um banho de piscina.
O CHEFE e sua Quadrilha de Secretários, Vereadores, Empreiteiros (apenas aqueles cadastrados para as grandes obras) e os famosos Puxa-sacos, aqueles que vão pra prestar atenção em quem faltou do CHEFE, chegam na maioria atrasados a festa, de Bermuda Hugo Boss ou Richard, camisa esporte Siberian ou Brooksfield, óculos Armani e aquela caminhonete importada maravilhosa, também de procedência duvidosa. A maioria é tão maracatu que tudo que compra é na “Lavanderia” do DJ McPinheiro. Importados Made In China, Paraguai ou encomendados na Rua 25 de Março em Sampa.
O Funcionário Público e o resto da ralé convidada chaga logo cedo pensando no BUFFET, quem sabe umas linguicinhas, umas costelinhas... Vêm de chinelo Rider ou de rabicho, bermuda florida ou feita de uma calça jeans cortada com a barriga aparecendo, camisa do Flamengo ou do Corinthians jogada nas costas e óculos de camelô na testa. Chegam de Fusca, Uno ou no máximo um Monza, vem gente até no porta-malas, de “buzão” ou de carona com mais oito pessoas no mesmo carro.

O ALMOÇO
Depois de muito discurso, a lá Odorico Paraguassu, muita mentira e puxassaquismo, os vira-latas já fizeram um balanço se chegou todo mundo, pois antes de cada festa destas tem uma reunião de ameaças, do tipo: ...contamos com a presença de todos, e vejam bem, ...quem não é visto não é lembrado. Ai o cerimonial avisa no microfone que vai sair o ‘rango’.
Num galpão coberto, com piso de cimento bruto. Evitando o sol quente na cabeça ou a chuva é improvisada uma fila. Depois de muita briga, por posição, trompasses e xingamentos com os puxa-sacos se achando muito poderosos, aparecem meia dúzia de capangas brutos, para organizar a quizumba.
Cadeiras? Só para quem chegou mais cedo, os demais ficam em pé, esbarrando uns nos outros e pisando no seu pé, mas não tem problema porque a maioria tá descalço.
Numa mesa comprida e farta, elegantemente forrada com toalhas muito brancas, ficam os componentes da QUADRILHA e seus convidados, rodeados por grande aparato policial, seguranças e babões para separá-los e não deixar a PLEBE chegar junto, aqui ninguém entra em fila.
O almoço já está servido, por um Buffet, contratado para 3.000 pessoas, sem divisão do que, quem vai comer o que. Mas isso só vale na hora de pagar a conta. Na mesa arroz com brócolis ou açafrão, farofa com frutas, filé de cordeiro, picanha argentina, muzzarella de búfala. Servidos em enormes pratos brancos lisos de porcelana, taças adequadas a cada tipo de bebida: água, chopp, refrigerante.
Como a maioria é maracatu e ladrão, além de comer muito e de tudo, ainda levam comida nos bolsos para casa. Alguns ainda pedem uma ‘quentinha’ pra levar comida pra Lesse.
O almoço da plebe é sobre mesas de plástico sem toalha onde os funcionários humilde e convidados, que chegaram cedo, e escutam o anúncio que vai sair o ‘rango’, entram em pânico e em combate. Primeiro para saber onde começa a fila da distribuição.
A disposição da plebe, tem vinagrete, farofa com muita cebola, maionese, muita asa de frango, lingüiça com pão de alho, fígado, passarinha, rin, costela e miolo de acém. E a Quadrilha jura ser mais macio que a picanha. Servidos nos tradicionais pratinhos de alumínio ou papelão.
Na mesa do CHEFE e convidados homens tomam, wisk 12 anos, Chopp ou cerveja geladíssima. As mulheres, tônica Schweppes Citrus, água Evian ou Coca-Cola Light.
Na mesa da PLEBE, rola uma caipirinha quase sem açúcar, que eles dizem que é pra ficar light, cerveja só Kaiser quando um dos papudinhos se dispõe a comprar, depois de uma puta discussão de quem deu o que, e quem vai poder tomar da meia dúzia de cervejas que se cotizaram pra comprar.
Refrigerantes, Baré Cola e Suco de saquinho de Guaraná ou Dore. Todos servidos em copinhos plásticos de 200ml. Aqui acolá aparece um papudinho que trouxe de casa seu copo de geléia de mocotó ou requeijão.

E A MÚSICA
Geralmente é contratado uma “banda de forró” de nomes extravagantes do tipo: Calcinha Cagada, Xibiu com Coca, Puta Safada, Aviões do Carimbó, Veadinhos do Forró... Essas coisa. Lá pras tantas, o CHEFE embriagado pede uma música pra recordar os tempos de Sâo Mamed na Paraiba onde não tinha quem roubar. Aí rola aquele pagodão de pingar suor.
Artistas da terra? Pra que? Esses quando são contratados têm que pagar o DÍZIMO. E geralmente o dízimo não é 10%, e sim o contrário 90%. Ou para o CHEFE, ou para o secretário responsável pela festa ou para o Padre, só não me perguntem porque.
O BUFFET, contratado de uma “LAVANDERIA”, e usando como garçons funcionários da Prefeitura. Trabalham com um uniforme impecável e trazem consigo toda equipe necessária, são pagos para atender todos os convidados. Mas ficam em volta apenas da mesa do CHEFE.
Claro que pra todo canto que se olha em Parnamirim se vê abuso, mas esses buffet’s, custam um absurdo, são cobrados por cabeça e como se toda comida e ou bebida fossem da melhor qualidade, quando se sabe que o que vai de melhor só rola na mesa da Quadrilha. E nós é que pagamos e caro.
Nessas festas só falta mesmo aquele muro que dividia as Alemanhas, ou aquele construido pelos americanos na divisa do México ou aquele de Israel separando os Palestinos.
Mas se você nunca foi, não sabe a comédia que está perdendo...

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