Jornal de Hoje (RN) - 06/07/2005
Para Raimundo Marciano, Batista foi o primeiro a denunciar irregularidades
O ex-prefeito de Parnamirim Raimundo Marciano (PFL) afirma que as denúncias do vereador Ricardo Gurgel envolvendo secretários da administração Agnelo Alves em supostos atos de corrupção, como cobrança de propina, não são novidades no município. Segundo ele, o vereador Antônio Batista - hoje licenciado para ser secretário das Administrações Regionais - denunciou em novembro de 2002, quando era presidente da Câmara, que auxiliares de Agnelo estavam envolvidos em esquemas de corrupção e teria apontado nomes como o do secretário de Serviços Urbanos, Naur Ferreira, que teria se beneficiado de um contrato de aluguel de veículos para a Prefeitura."O que o vereador Ricardo Gurgel diz não é novidade. É tudo de conhecimento público. Qualquer cidadão de Parnamirim sabe que o que o vereador está afirmando é a mais pura verdade. Eu tenho inclusive documentos que comprovam irregularidades e envolvimento de secretários da administração. Também não é a primeira vez que um vereador denuncia. O próprio Batista denunciou, deu nome aos bois. Está tudo nas atas da Câmara", disse Marciano, que foi imediatamente questionado pelo repórter por que ainda não entregou à Justiça os documentos que afirma possuir, tendo ele respondido que "por questão ética". E acrescentou: "No momento eu vou esperar. Aguadar os desdobramentos da denúncia de Gurgel", afirmou, negando que esteja sendo omisso ou conivente.
Contra Cheque Eleitoral
Sobre as denúncias de compra de partidos nanicos, o ex-prefeito afirmou que a coligação que reelegeu Agnelo Alves prefeito de Parnamirim foi a maior que já houve no Rio Grande do Norte. "Juntando 14 partidos, com certeza, meu amigo, esses partidos não se coligaram de graça. Está aí a prova", afirmou, referindo-se às denúncias do ex-secretário do PSL de Parnamirim, D"jário Pereira dos Santos, e do delegado do PL Gilmar de Oliveira Gomes, que mostraram contracheques afirmando que receberam gratificações da Prefeitura para trabalhar na campanha de Agnelo em 2004. Marciano disse que cabe à Justiça apurar, mas reiterou que o artigo 41-a da Lei Eleitoral, que pune com cassação de mandato eletivo a compra de voto, deverá ser aplicado no caso de restar comprovada as denúncias.Batista nega ter acusado secretários por corrupção
O secretário de Administrações Regionais de Parnamirim, vereador licenciado Antônio Batista (PMDB), negou esta manhã ter feito denúncias envolvendo a administração do prefeito Agnelo Alves em novembro de 2002, período que foi presidente da Câmara Municipal. "Eu desafio qualquer um a mostrar um documento que prove que eu tenha denunciado corrupção e propina", declarou.O auxiliar do prefeito Agnelo respondeu às declarações de Marciano, que disse que uma ata da Câmara Municipal comprovaria que não só o vereador Ricardo Gurgel usou a tribuna da Câmara para denunciar corrupção na administração do prefeito Agnelo, mas o próprio Batista teria denunciado secretários municipais.
"Não existe isso. Nem Raimundo tem ata, nem ninguém. Isso é uma politicagem tentando me envolver. Se ele apresentar algum documento que prove que, eu, Antônio Batista, falei de propina no governo, eu renuncio ao meu mandato. E faço isso em juízo", desafiou Batista, sugerindo esvaziamento da denúncia de Gurgel e apontando Marciano como que querendo puxá-lo para o centro das acusações.
Ocorre que, tanto Batista fez as denúncias, como o próprio Ministério Público, com base numa representação assinada por William da Silva Dantas, instaurou inquérito civil para apurá-las. Só que no inquérito Batista negou possuir provas.
Diz o termo da audiência de Batista que: "... quanto às denúncias feitas durante sessão da Câmara Municipal, não se trataram de denúncias, mas de um comentário já que não tinha prova; que se tivesse provas, teria sido instaurado uma comissão de investigação; que tais informações foram trazidas por uma pessoa que não se lembra mais; que não sabe de nenhum fato que comprove os fatos de que o município estava locando veículos de propriedade do Sr. Naur Ferreira, bem como não possui conhecimento de Naur Ferreira ser sócio ou proprietário de alguma empresa ou construtora...".
Esta manhã, Batista disse que é secretário e que participa ativamente do governo Agnelo, o que para ele seria uma incoerência ter feitos denúncias contra Agnelo. "O que eu falei foi apenas atos administrativos. Foi um erro técnico...(sic)", declarou, sem querer detalhar o que teria sido esse "erro técnico". "Você [repórter] não queira colocar palavras na minha boca", disse.
Alex Viana
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